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Nota sobre o Lançamento da “Campanha Permanente Contra Agrotóxicos e Pela Vida”
José Sobreiro Filho
Diretor da AGB – seção de Presidente Prudente

No dia 06 de outubro de 2011 foi lançada a “Campanha Permanente Contra Agrotóxicos e Pela Vida” na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente. Fruto de uma parceria entre a AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros seção local de Presidente Prudente, o NERA – Núcleo de Estudos Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária e a Via Campesina (Brasil) o evento se iniciou com a exibição do documentário “O Veneno Está Na Mesa” do cineasta Sílvio Tendler e, em seguida, com uma fala do representante da Via Campesina (Brasil) João Pedro Stédile sobre a produção do agronegócio baseada nos agrotóxicos e a produção agroecológica dos agricultores camponeses.
            O lançamento da campanha visou despertar o olhar crítico sobre o atual modelo de produção baseado uso usos dos agrotóxicos e aproximar a universidade e os geógrafos deste debate que cada vez tem ganhado mais relevância na atualidade. A participação da AGB de Presidente Prudente e sua parceria com a Via Campesina no lançamento da campanha originou-se com o objetivo de convidar os geógrafos para realizar o debate sobre os problemas gerados pelo uso de agrotóxicos, interpretá-los, refleti-los e buscar meios de criar intermediários que possibilitem ampliar a problemática para toda a sociedade.
A produção de agrotóxicos tem suas origens no salto tecnológico alcançado durante a Segunda Guerra Mundial, sobretudo usado com a finalidade extermínio em massa antissemítico. Com o fim da Segunda Guerra, a indústria química direciona suas forças para produção de agrotóxicos, passando a ditar um novo padrão de produção baseado em agrotóxicos, fertilizantes, corretivos, produção mecanizada, etc. Esse modelo ganhou importância por viabilizar a produção em grande escala e os agroquímicos cumpriam o papel de “proteger” a produção. Na década de 70 esse pacote tecnológico passou a ser chamado de Revolução Verde e sua imagem estava associada ao “desenvolvimento” por “promover” uma produção farta e com qualidade. No entanto, o que se efetivou e cresceu em larga escala com o avanço do modelo foram os processos de expropriação, exploração e degradação ambiental, ou seja, este modelo de produção tem altíssimos custos sociais e ambientais.
Independe da alcunha, sendo ela agroquímicos, agrotóxicos ou defensivos agrícolas, para arrolar abrandamento, no transcorrer das décadas esses agentes foram ganhando reconhecimento e dimensão articulando-se a um efetivo e complexo sistema de produção. Na atualidade esse modelo é representado pelo Agronegócio e amparado, sobretudo com aparato do governo federal, por uma por um conjunto de ideias que lhe dão a alcunha sinonimada a desenvolvimento, progresso e modernidade, ou seja, uma alternativa relevante para o problema da produção. No entanto, escamoteia-se que a ganancia do processo custa vidas, direitos trabalhistas, gera altos custos para a saúde pública e que a produção camponesa, uma potencial solução, é relegada do cenário e versada com recursos e incentivos diminutos.
            Assim, diante do intenso crescimento da produção agrícola e do consumo de agrotóxicos no Brasil, o lançamento da campanha objetiva suscitar o debate sobre as mudanças socioespaciais ocorridas, os conflitos criados, demais processualidades e vislumbrar perspectivas para uma produção que balanceie os custos econômicos sem onerar a sociedade e o meio-ambiente. Deste modo, é fundamental repensar a lógica tanto do modelo de produção quanto da organização da sociedade para que efetivamente se compreenda e identifique o maior número de elementos possíveis e possa se propor projetos políticos que efetivamente saciem as demandas. Por fim, fica-se um convite e, ao mesmo tempo, um desafio para os geógrafos.